quarta-feira, 18 de julho de 2012

Klauber Cristofen Pires


Nome: Klauber Cristofen Pires
Blog: LIBERTATUM - http://libertatum.blogspot.com
Religião: cristã
Profissão: Analista-Tributário da Receita Federal
Ideologia: Liberal-Conservador





SITE / IDEIAS
À cabeceira mantenho apenas uma Bíblia

Quais os seus blogs? Conheço o Libertatum, a Libesfera e a Sinistrosfera. Fale um pouco sobre eles.

KCP: No blog LIBERTATUM escrevo artigos de minha autoria e também de colaboradores, concentrando artigos de opinião sobre economia, direito, moral, religiosidade, história, arte militar, sociologia e filosofia, além de exercer um trabalho de media-watch e oferecer variedades. A Liberesfera e a Sinistrosfera são blogrolls de sites e blogues de direita e de esquerda, respectivamente, que contêm as manchetes das últimas postagens de cada blogue, e além disso, mantenho também a Livraria Virtual, que já distribuiu mais de quatro mil cópias de diversos títulos.


Você é articulista do Mídia Sem Máscara, ambiente virtual conhecido por agregar várias correntes do pensamento conservador brasileiro. Qual o papel do MSM?

KCP: o MSM, como o próprio nome sugere, tem como ênfase o trabalho de media-watch, com a finalidade de denunciar o viés ideológico sobrepujante nas notícias divulgadas pela imprensa tradicional; além disso, veio a preencher um vácuo com o fornecimento de notícias faltantes ao público, porque propositalmente sonegadas pela imprensa tradicional, pelos mesmos motivos ideológicos. 


O Mídia Sem Máscara foi idealizado pelo filósofo Olavo de Carvalho. Qual sua ligação com este pensador e qual a influência que ele exerce, hoje, na direita brasileira?

KCP: Comecei a ter conhecimento da obra do filósofo Olavo de Carvalho desde a edição nº 01 da revista Época, na qual ele trabalhava como colunista de opinião. Ressalto o quanto chocavam-me seus artigos, de tal forma que por algum tempo tive a vontade de escrever-lhe com o objetivo de ridicularizá-lo. Por sorte ou por ação da Divina Providência, abstive-me de pagar tamanho mico, e ao contrário, foi crescendo em mim a ânsia de ler dele cada vez mais, até que compreendi o estado de ignorância em que estava mergulhado e depois de um certo tempo, senti-me no dever de auxiliá-lo na forma como pudesse, de modo que hoje sou um dos colunistas do MSM. Entendo que o filósofo Olavo de carvalho tem desempenhado um papel de refundação do pensamento liberal-conservador brasileiro. Há doze anos atrás, havia apenas três institutos liberais, dois quais dois foram extintos (o de Brasília e o do Rio de Janeiro). Hoje há dezenas de institutos think-tanks, alguns especializados em determinados fins, como a da legalização da posse de armas, ou de defesa da vida contra o aborto e a eutanásia, contra as drogas, econômicos, e mais de setecentos blogues que se inspiram em seus ensinamentos.


Direitistas brasileiros, ao alcançarem certo prestígio, são ridicularizados. Cito: Bolsonaro, Silas Malafaia, o próprio Olavo de Carvalho. Você teme entrar neste grupo ou já se considera nele?

KCP: Já pertenço a este grupo, embora não goze de tanto prestígio. Há um processo de assimilação, que começa pela estupefação e ridicularização, ao que se segue o boicote e da fuga ao embate intelectual; Após esta fase, inicia-se um período de recolhimento e meditação, e enfim, de aceitação e identificação. Atualmente, as pessoas acima citadas já passaram da fase da ridicularização e estão passando da fase do boicote para a da aceitação.


Como surgiu a ideia de um blog reunindo blogs direitistas?

Surgiu da necessidade de buscar informações em um só lugar – e o propósito é este mesmo: servir como um grande portal, onde cada pessoa poderá buscar o assunto que mais lhe interessa simplesmente por escolher entre as manchetes de cada blogue. Ademais, os blogueiros começaram a se sentir estimulados, porque a quantidade de visitas aumentou, assim como a concorrência por oferecer aos seus leitores notícias e artigos novos.


Quais são seus livros de cabeceira?

À cabeceira mantenho apenas uma Bíblia e alguns livrinhos de orações e de pensamentos. Todavia, entre as leituras que mais me influenciaram, estão Olavo de Carvalho, os mestres da Escola Austríaca (Mises, Hope, Armentano, DiLorenzo, Woods Jr, Lott, Rothbard, Garet, Peterson, Kinsella, Iorio e outros); no plano literário, adorei a trilogia de Santiago Posteguillo sobre a vida de Públio Cornélio Cipião (Africanus - El Hijo del Consul; Las Legiones Malditas; e La Traición de Roma). Cite-se também os clássicos – Admirável Mundo Novo, 1984 e A Revolução dos Bichos.



RELIGIÃO
O alto Clero brasileiro, ouso afirmar, já é quase inteiramente cismático


Logo na introdução do seu blog, há a frase: “Pela vida, pela liberdade e pela propriedade”. Há alguma influência da TFP?

KCP: Não; na verdade, reproduz o pensamento fundamental da Escola Austríaca.


A Escola Econômica Austríaca prega o individualismo sobre o coletivismo. Uma sociedade totalmente individualista não seria grosso modo impossível (já que sociedade sugere a sociedade e não o indivíduo)?

KCP: Há duas correntes principais de “austríacos”: os anarcocapitalistas, na linha de Murray Rothbard e Hans-Hermann Hoppe, e os minarquistas, adeptos de um estado mínimo, responsável apenas pelas funções legislativas e de defesa externa. Filio-me mais à segunda corrente, por acreditar que uma sociedade qualquer anarcocapitalista não teria como rechaçar a agressão de um estado consolidado, uma vez que este investe por anos a fundo perdido na construção do seu poderio militar. De qualquer forma, percebo um equívoco no raciocínio da repórter: uma sociedade não pressupõe necessariamente um estado, mas também pode inventar qualquer sistema de organização não estatal; no caso do liberalismo austríaco, as premissas são a não agressão à vida, à liberdade ou à propriedade privada de outrem. Quem rouba a propriedade privada, rouba o passado da vítima; quem a priva de liberdade, rouba seu presente; e quem a mata, rouba seu futuro. 


Qual a sua opinião sobre a TFP?

KCP: Não tenho uma opinião formada.


Ao que você atribui a queda de membros na Igreja Católica e o aumento entre protestantes, espíritas e ateus?

KCP: há vários fatores, dentre os quais, em primeiro lugar, a justa identificação de cada pessoa com a corrente a qual se identifica melhor, coisa que há algumas décadas atrás não acontecia por falta de conhecimento. No entanto, no que tange especificamente a Igreja Católica, esta deixou-se corromper pela teologia da libertação e em função dessa doutrina espúria abandonou a defesa dos valores cristãos, sobretudo a família, e isto tem sido notoriamente sentido pelos fiéis, que têm buscado alternativas em outras confissões. Quanto aos ateus, estes são muito poucos, as mais das vezes pessoas que têm sofrido muito e experimentado seguidos atos de pilantragem que infelizmente, acontecem nesse meio.


Há alguma consistência na afirmação de que o alto clero católico protege os famigerados padres pedófilos?

KCP: Não me sinto com autoridade para falar sobre o assunto. O que tenho sabido, no entanto, é que tem havido uma superexposição desses padres, mediante a estratégia  de concentrar os esparsos casos no tempo como se se tratasse de uma só grande descoberta, com a finalidade  mal-intencionada de difamar a Igreja Católica. Em quaisquer outras instituições seculares, os casos de pedófilos são muito mais numerosos e pratica-se o mais aguerrido corporativismo.


Poderia citar algumas dessas instituições seculares?

KCP: ONU e seus órgãos subsidiários, os governos e seus órgãos, bem como movimentos sociais diversos.


A intervenção da Igreja na política é justa num país laico?

KCP: Você usou o termo “intervenção”. Muito bem, houve de fato “intervenção” da Igreja ao fundar o MST e participar de invasões a propriedades privadas e depredações de patrimônio público, sem que ninguém, especialmente das esquerdas, houvesse visto nisso uma postura ilegítima por parte da Igreja. Da mesma forma, ninguém das esquerdas reclamou da “intervenção” praticada pela irmã Dorothy Mae Stang, ao fazer da comunidade de Nova Ipixuna, no Pará, o seu laboratório de engenharia social, e muito menos, das ordens religiosas que fundaram alguns dos movimentos revolucionários terroristas da década de sessenta, no século passado. Como se vê, as esquerdas somente vieram a reclamar da Igreja Católica nos raros momentos em que esta se pôs a defender um ou dois valores autenticamente cristãos! Somente isto serve de prova como a esquerda usa o argumento da defesa do estado laico ao sabor de suas conveniências! Só que há ainda outra diferença: o protagonismo hoje exercido pela Igreja Católica em defesa da vida no ventre e da sacralidade da família não se caracteriza por “intervenção”, mas por uma conduta muitíssimo mais tênue: “a intercessão”. Ora, qualquer representante de qualquer grupo social tem o mais legítimo direito de interceder junto às autoridades para peticionar o que for de seu interesse, mesmo que seja uma paupérrima associação de mulheres de pescadores de uma perdida vila no litoral do país.

Ademais, o país não é laico. Nossa sociedade não é laica. Nossa sociedade é ampla e majoritariamente cristã. O estado, este sim, é laico, mas tão somente para atender ao princípio da impessoalidade, de modo que um cidadão, digamos, espírita, não se sinta constrangido no balcão de uma repartição por um servidor público, digamos também, evangélico.

Desta forma, em um cenário no qual os direitos de propriedade e de associação são prejudicados por uma comistão legiferante onde o direito de cada um é determinado pela vontade de todos os demais,  torna-se legítima a atuação de cidadãos e de entidades religiosas.  Enfim, o que deve prevalecer são as escolhas morais de cada cidadão, ateu ou religioso, e sem entrarmos aqui no mérito de cada uma, aposto da legitimidade da igualdade jurídica de cada um para fazer valer o seu direito político por meio da democracia representativa.


Você afirmou que Dorothy Stang trabalhava num projeto de engenharia social em comunidades do Pará. Que projeto era esse e como você chegou à conclusão de “engenharia social”?

KCP: Chamo de engenharia social, no caso, aos projetos alternativos de comunidades sob feições coletivistas, que sempre se mostraram desastrosos. Na região amazônica, milhares de pessoas passam fome em verdadeiros gulags equatoriais, onde os cidadãos sofrem restrições extremas de manejo, praticamente limitados, literalmente, a sobreviver do que cai das árvores. No caso da irmã Dorothy Stang, faço minhas as palavras de Janer Cristaldo: “A religiosa americana tinha por missão no Brasil desapropriar terras públicas controladas por grileiros, assentar famílias em pequenas propriedades e promover a ação da polícia na intermediação de conflitos. Diga-se o que dela se disser, é mais uma das tantas ativistas estrangeiras que escolheram o Brasil como laboratório de suas utopias”. E Ainda, no mesmo texto: “Mas a atuação da Chica Mendes de Anapu não gozava de unanimidade na região. Em 30 de abril de 2003, a Câmara Municipal declarou a missionária persona non grata, "como ato de repúdio da população às ações desagregadoras por ela praticadas". O documento foi enviado à Presidência da República, aos ministérios do Meio Ambiente e Justiça, ao Congresso, ao governo do Pará, ao Ibama, ao Incra e à PF – e ignorado por todas estas instâncias.”


A Igreja Católica (o alto clero) não sabe dos desmandos que estão acontecendo ou está tudo sendo acobertado?

KCP: O alto Clero brasileiro, ouso afirmar, já é quase inteiramente sismático.


Você diz que a ICAR se deixou corromper pela Teologia da Libertação. Quais são as corrupções da Teologia da Libertação?

KCP: A Teologia da Libertação, como um movimento, começou com a infiltração de militantes comunistas nos seminários, de modo que hoje são padres e bispos. A sua corrupção é fazer uma releitura das escrituras sagradas sob a ótica marxista da luta de classes, da mais-valia e da teoria da superestrutura e infraestrutura de dominação social burguesa. No meu blog, há dois artigos,  um deles de minha autoria e outro do Padre Estêvão Bittencourt (1990), que tratam de uma versão marxista da Bíblia, conhecida como Edição Pastoral.


Se há movimentos corruptos dentro da Igreja e os fiéis leigos sabem, o Papa está de alguma forma sendo conivente com estes movimentos?

KCP: Segundo meu entendimento, sim, embora talvez haja alguma sabedoria maior no modo como estejam lidando com isto.  Em recente declaração de um bispo, este comentou que a TL está perdendo força.


Há uma forma agressiva de ateísmo crescente, o ateísmo militante. O proselitismo ateu é uma contradição com o que pregam?

KCP: O ateu autêntico ainda não encontrou motivos para crer que Deus exista, mas em princípio, predispõe-se a reconhecê-Lo uma vez que tome conhecimento de algum fato ou argumento que o convença. Já o militantismo ateísta, de certa forma, equivale a uma religião; explico: por mais irônico que possa parecer, o militante ateísta tem fé, isto é, fé em que Deus não existe! No entanto, aí se revela uma contradição insanável, visto que não se pode fincar o pé ante a negação de uma possibilidade que demanda uma busca que bem pode ser infindável. Tendo isto bem compreendido, chegamos ao entendimento de que o discurso em defesa do estado laico não passa de um desleal “carrinho” retórico com a finalidade de impedir a priori o exercício dos direitos políticos das pessoas amparadas por uma fé cristã.


O ateísmo militante é uma ameaça à religião? Por quê?

KCP: Em uma sociedade de estado mínimo, o conceito de estado laico é muito bem compreendido e aceito, porque em quase todas as instâncias da vida as pessoas fazem uso da sua liberdade mediante o gozo do direito de propriedade e de associação. Como eu disse acima, o laicismo do estado mínimo presta-se tão somente a garantir a isonomia de atendimento aos cidadãos por parte dos agentes públicos. No entanto, ultimamente, o estado tem estendido seus tentáculos em praticamente todos os mínimos detalhes de nossas vidas, de modo que as escolhas morais dos cidadãos, fundadas em convicções religiosas, veem-se perigosamente ameaçadas e encurraladas, porque, afinal, se cada escola, hospital, clube, estabelecimento comercial e até o lar tornam-se estatizados, então, por conseguinte, tornam-se também forçosamente laicizados, o que, no fim das contas, resulta dizer: estão sendo ateizados! Neste sentido, o ateísmo militante, vem a desempenhar, sim, um perigo às religiões.


Você acha que o Bóson de Higgs enterra de vez o criacionismo como explicado no Gênesis?

KCP: Eu creio tanto no criacionismo quanto no evolucionismo – ambos os fenômenos coexistem e se complementam. O Bóson de Higgs é uma descoberta fantástica da ciência, que encontrou até agora a menor das partículas, e com a característica impressionante de ser uma partícula geradora de outras partículas maiores. No entanto, mesmo o Bóson não responde de onde veio.  Quem o criou?



POLITICA
Nada mais embusteiro do que uma história oficial!


Qual a sua opinião sobre Lula, Maluf e sobre o PT?

KCP: Maluf é um político razoavelmente competente, mas desonesto, isto é, no sentido de buscar vantagens pessoais por meio da corrupção. Já Lula e o PT têm a corrupção como instrumento de tomada do poder total e permanente.


Num dos seus artigos publicados no MSM, você se diz um “saudosista da ditadura”. A ditadura foi conduzida da forma correta ou houve exageros?

KCP: naquele artigo, eu afirmei ser um saudosista da ditadura como um bate-pé, digo, para contrapor alguns pronunciamentos públicos que vinham sendo proferidos na atual gestão petista; o que eu quis foi demonstrar que os militares, por mais erros que tivessem cometido, realizaram grandes obras e grandes feitos, que fazem o PT comer poeira, como por exemplo, o parque energético, as estradas, os portos, a indústria naval e o avanço da colonização do oeste e do norte, com grande impulso ao agronegócio. Não obstante, em vários outros artigos, eu faço críticas veementes às políticas econômicas do período militar, assentada que foi em um modelo de capitalismo de estado e focada na política de reserva de mercado e de substituição de importações, bem como na criação de centenas de empresas estatais e de órgãos de fomento. Com relação aos exageros, em períodos de crise institucional, sempre os há, mas no cômputo geral, o Brasil mostrou-se exemplarmente eficiente, em nível mundial, como um país em que as Forças Armadas assumiram o papel institucional de defender a ordem e a paz com um mínimo de emprego da violência. Em nenhum país do mundo jamais se viu uma ação contrarrevolucionária tão eficiente, de modo que eventuais excessos constituem notórias exceções. Mesmo o período mais repressivo da ditadura foi um tempo em que os cidadãos gozavam de mais segurança e liberdade do que hoje.


Comissão da Verdade: Os militares cometeram crimes na chamada ditadura militar brasileira? Se houvesse representantes dos dois lados, você mudaria sua opinião em relação à comissão?

KCP: eu não mudaria jamais a minha opinião em relação à comissão, pois entendo que ela fere um pacto nacional, que foi a anistia ampla, geral e irrestrita, termos estes reivindicados pelos próprios terroristas, subversivos e ativistas vencidos. Note que a comissão não tem sequer um historiador entre seus integrantes, mas apenas peritos criminais e juristas! No mais, jamais aceitarei, em país algum, qualquer comissão oficial disto ou daquilo. Nada mais embusteiro do que uma história oficial! A história se faz com o cotejo de historiadores livres, independentes e que não possuam relação pessoal ou ideológica com os fatos. Eu costumo dizer: “não e a comissão da verdade que vai contar sobre a história do Brasil, mas a história do Brasil é que vai contar sobre a comissão da verdade”.  


Rio+20, Aquecimento Global e ambientalismo, onde entram na política?

KCP: Entram no alinhavamento de um governo mundial de matiz social-fascista: controlar as pessoas desde normas e órgãos internacionais para enfim, enfeixá-los em um só centro de poder.


O que é, o que prega, a quem interessa e quem faz parte de um governo mundial?

KCP: Trata-se de um projeto idealizado por donos grandes corporações multinacionais, chamado Clube de Bieldeberg, que têm nas fundações Rockfeller e Ford duas grandes patrocinadoras. A nova ordem mundial tem uma matiz fascista, isto é, de grandes empresários dividindo o poder com um governo mundial.


Você vê, em curto prazo, alguma saída digna através da política no Brasil?

KCP: Sim, claro: não há mal que dure para sempre. Eu vejo uma saída digna na política,  mas por iniciativa da própria população, que há de amadurecer.


Vejo no portal Mídia sem Máscara que os conservadores consideram Obama como representante da esquerda. No entanto, quando intercalo esquerdistas, afirmam que o Obama é direitista e que o Partido Republicano é a extrema-direita. A que se deve essa confusão?

KCP: há esquerdistas que andam chamando Lula e Dilma de neoliberais. Eu gostaria de saber quem os esquerdistas consideram como sendo só de “direita”, isto é, sem ser da “extrema” ou da “ultra” direita. O que eles falam não merece ser levado a sério. São apenas xingamentos.


Por que o exército, hoje, vem sendo achincalhado de forma acintosa pelo governo e não toma nenhuma atitude?

KCP: O Exército, ou melhor, as Forças Armadas, pautam-se leal e institucionalmente pelo princípio da disciplina e da hierarquia. Ainda assim, malgrado todas as difamações havidas durante os últimos quarenta anos, prossegue sendo uma das instituições que gozam do mais alto prestígio junto à opinião pública. Penso haver um quê de sabedoria cristã nisto, embora eu mesmo ache que uma postura mais reativa seria necessária.


Você considera contraditório fazer duras críticas ao governo e, ao mesmo tempo, ser funcionário público? Já sofreu algum tipo de perseguição?

KCP: Não acho nada contraditório. Sou cidadão e tenho o mais amplo direito à opinião. Ademais, sou servidor do estado, e não do governo. Felizmente, não sofro nenhum tipo de perseguição no meu ambiente de trabalho, em parte porque não misturo os papéis de cidadão e de servidor público, e em parte porque trabalho em um órgão que, salvo exceções, prima pelo legalismo.


Demóstenes Torres foi cassado. Era do partido que mais se aproxima da direita no Brasil, o DEM. A cassação foi justa?

KCP: A cassação foi justa, mas seletiva. Até hoje nenhum mensaleiro, aloprado ou cuequeiro sofreu as devidas penalidades.


Há como negar que o Brasil cresceu com o Lula no poder? Se sim, como?

KCP: O Brasil chegou a crescer, mas apesar de Lula, e não graças a ele. Cresceu no vácuo de outras nações, num período de bonança em que foi se especializando como fornecedor de matérias-primas, ao mesmo tempo em que se desindustrializava.  Infelizmente, a chuva vem chegando e só agora os macacos lembram, mais uma vez, que não construíram suas casas: nada foi feito para melhorar o custo Brasil: continuamos com estradas péssimas e energia elétrica instável e a peso de ouro; a educação sofrível não supriu o mercado de trabalho com engenheiros e outros profissionais bem formados; os hospitais são abatedouros de gente; a internet roda por manivela, e por aí vai...


Se seguirmos essa lógica, poderemos em breve ser saudosistas do PT pelas obras que realizaram apesar dos seus erros?

KCP: Atualmente vivemos com praticamente a mesma infraestrutura que os militares nos legaram há 30 ou 40 anos: estradas, portos, aeroportos, energia elétrica, pontes como a Rio-Neterói e navios que navegavam (O Brasil chegou a ser o 2º maior construtor de navios do mundo). O que o PT nos legará?

Por que os conservadores têm toda essa admiração por Israel?

KCP: Por ser uma nação verdadeiramente democrática, pujante, civilizada e formada por um povo corajoso, que enfrenta com bravura os inimigos que a rodeiam. Poucos países são tão solícitos em casos de desastres mundiais quanto Israel. No caso do terremoto do Haiti, foi o primeiro país a enviar médicos, equipamentos de ponta e uma ampla gama de remédios, e a competência e o calor humano fornecidos por eles foram  amplamente reconhecidos pelos cidadãos atendidos.



SOCIEDADE / EDUCAÇÂO
todos os movimentos sociais, que as pessoas em geral imaginam ser o fruto espontâneo do exercício da cidadania, na verdade foram idealizados pela União Soviética


Marcha das vadias, marcha da maconha, parada gay, marcha pela liberdade. O que os conservadores temem?

KCP: todos os movimentos sociais, que as pessoas em geral imaginam ser o fruto espontâneo do exercício da cidadania, na verdade foram idealizados pela União Soviética e em seguida germinados em universidades americanas, de acordo com as denúncias do dissidente soviético  Anatoly Golitsyn, em seu livro “New Lies for Old”, que no Brasil recebeu o título de “Novas Mentiras Velhas”. O objetivo primordial é o de destruir a sociedade ocidental desde dentro, corroendo as suas fundações, quais sejam, o direito anglo-romano, a filosofia grega e a religião judaico-cristã, atendendo assim ao certeiro diagnóstico anteriormente feito pelo filósofo marxista George Lukács, de que seria infrutífero combater o capitalismo mediante o confronto no mero plano econômico, haja vista que a força da civilização ocidental assentava-se em suas bases morais e religiosas de vinte séculos. Assim ele bradava: "Quem nos livrará da civilização ocidental?"


A legalização da maconha acabaria com o tráfico (que é o crime)?

KCP: de jeito nenhum; antes, o exponenciará.


Se a maconha fosse legalizada, como poderia haver exponenciação do tráfico?

KCP: Seria uma decorrência natural e lógica. Ainda: haveria uma concorrência lícita, que hoje é combatida pelas gangues e máfias a bala.


Quem são os representantes conservadores ativos no Brasil?

KCP: não há nenhuma representatividade partidária e individualmente falando, eu citaria apenas o Deputado Jair Bolsonaro. Além deste, tenho acompanhado com certa aprovação o trabalho de Álvaro Dias. No mais, o Brasil vive um momento de resistência protagonizada por pessoas que lideram de forma esparsa e descoordenada algumas instituições civis ou grupos sociais.  


Estatísticas do governo apontam para a queda no número de mortos nas estradas após a aplicação da lei seca. Você, no entanto, vê a lei com certa desconfiança. Por quê?

KCP: Não houve uma queda no número de mortos que se possa aferir como o resultado direto da lei seca.  No Pará, após ter sido constatada a inocuidade da lei perante a persistência dos tristes números, um policial rodoviário federal revelou um dado interessante: apenas três por cento dos acidentes com morte são devidos ao estado de embriaguez. Logo, qualquer diminuição do número de acidentes devido ao estado de embriaguez somente poderia representar uma fração da fração, isto é, a um resultado inexpressivo. Agora, atente-se para o fato de que não defendo que pessoas em estado de embriaguez dirijam: refiro-me, sim, a um fenômeno muito peculiar dos novos tempos, típico da mentalidade fascista, que é punir o que se chama “crimes de risco”, isto é comportamentos que não constituem de per se agressões à vida ou à propriedade de terceiros. Em uma sociedade livre e de direito, o estado de embriaguez seria considerado como um elemento agravante, isto é, acessório à culpa ou ao dolo, e a polícia não estaria a abordar os cidadãos que dirigissem normalmente, mas sim somente aqueles que, por qualquer motivo, estivessem dirigindo de forma perigosa.


Universidades Federais em greve enquanto o governo não se manifesta. Você concorda com essa greve? Por quê?

KCP: a princípio, sou contra greves, assim como sou contra o poder monopolístico dos sindicatos e as negociações compulsoriamente coletivas. No entanto, o governo Dilma não administrou os problemas salariais dos servidores com sabedoria, mas antes, o quanto pôde, o empurrou com a barriga. O resultado está em que todo o serviço público está insatisfeito, haja vista a inflação galopante, fruto da incúria do governo na área econômica.  Prevejo sérios problemas no futuro, com greves generalizadas.


Aceitaria um debate a ser publicado neste blog?

KCP: Sim, aceitaria.

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